Rústica





Ser a moça mais linda do povoado

Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,

Ver descer sobre o ninho aconchegado

A benção do Senhor em cada filho



Um vestido de chita bem lavado,

Cheirando a alfazema e a tomilho...

Com o luar matar a sede ao gado,

Dar às pombas o sol num grão de milho...


Ser pura como a água na cisterna,

Ter confiança numa vida eterna

Quando descer à "terra da verdade"...



Meu Deus, dai-me esta calma, esta pobreza!

Dou por elas meu trono de Princesa,

E todos os meus Reinos de Ansiedade.




Florbela Espanca,

Sonetos


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