na noite em que os mortos dançam

Era minha obrigação ser quem sou. Ter como missão apenas ser. Abrir os braços e inspirar. Rodar até cair. E depois me abraçar. Te abraçar. Nos abraçar. Teríamos cabelos brancos e dançaríamos até partir.
Quando ouço esta voz a minha alma agradece. Pode ser que faça bem a mais alguém.

6 comentários:

menina madrugada disse...

não sabia que eles também faziam parte do teu ideário. Costumo usar algumas músicas para dar aula, fazem-nos vibrar! pensava eu que poucos conheciam isto, até que, vindo não sei de onde, me aparece o paulo e dá-me a conhecer a sua vasta colecção de álbuns? :)

vai espreitar as 3 últimas entradas do meu blog. esses trabalhos foram todos construídos ao som de DCD. Aquelas músicas realmente levam-nos a outro estado de consciência. Não sei bem para onde fui, mas naquela noite, foi algo mais do que eu quem fez aqueles trabalhos. às vezes tenho medo de olhar para eles.

beijinhos!

Virgínia disse...

Às vezes não os ouço mais porque sei que depois vou passar por dias inteiros a odiar a vida mundana que tenho que levar... eles conseguem trazer ao de cima o que está guardado desde sempre e que faz parte daquilo que realmente somos! ...quando os ouço apetece-me fugir para o cimo da montanha e ficar lá para sempre!... eu sei, eu sei: a verdadeira prova é conseguir viver nesses dois mundos, não os separando mas sim, integrando-os um no outro, de onde nunca deviam ter sido separados.

É ou não é uma voz mágica? E a dela ainda mais, mas ás vezes preciso de uma voz masculina profunda, que me entenda... :)
Abraço para os dois!

Anónimo disse...

É curioso... sinto o mesmo desde pequeno. Privo-me do essencial para melhor suportar a inessencialidade. Chamo-lhe, desde há pouco, jejum místico.
O mundo cindiu-se e por vezes parece não haver vias de religação. É isso mesmo que eles fazem, lançam pontes sobre o desunido, pontes de ideias puras que nos transpessoalizam além deste chão dicotómico do sim - não, quero - não quero, é - não é. Por isso mesmo a sua música é re - ligiosa, conduzindo ao Um.
Amo-lhes tanto o som que o guardo em silêncio...

P.

Virgínia disse...

:) E até quando esse jejum?... Só depois de chegar aos trinta é que me apercebi realmente que não vou estar aqui para sempre e por isso tenho que parar de esperar... E sinto que me espera, que está lá sempre - eu é que tenho o tempo limitado. No fundo, só a máscara é que magoa. Está cada vez mais pesada.

Anónimo disse...

É verdade luminosa que "só a máscara é que magoa", mas o baile de máscaras é ingente, dentro e fora, e os rostos pervertidos entre o tanto que não está a haver...
Passo a palavra a outra Pessoa :

"How many masks wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out of the mask by co-masked eyes.
Whatever conciousness begins the task
The task's accepted use to sleepness ties.
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought-losing,
Foist otherness upon their seen grimaces
And get a whole world on their forgot causing;
And, when a thought would unmask our soul's masking,
Itself goes not unmasked to the unmasking."

Fernando Pessoa, 35 Sonnets, sonnet VIII.

Virgínia disse...

Já o recém-nascido, o mais puro de todos os seres-humanos, tem a sua pequena máscara, sem o saber...