pôr do sol I

postal de casa

Esta terra tramou-me. Eu, ave migratória, que nunca fico mais de três anos na mesma casa, já cá estou há muitos (acho que sete). Quando para cá vim disse a mim mesma que seria uma oportunidade para aprender a viver com menos, apenas com o essencial, e a viver mais o mundo lá fora. Porque a casa é pequena mas o mundo aqui é grande. Repito: aqui, o mundo é grande.

Não sei se aprendi a viver com o essencial ou se me tornei mestra na organização. Acho que estou a abrir horizontes internos e a deixar que a casa se vá transformando consoante as necessidades de quem cá vive. Uma evolução quase orgânica, não fossem as paredes de betão. E enquanto ela se vai modificando, eu tento acompanhar, sempre atrás, a reorganizar gavetas e a mudar armários, a deitar fora o lixo e a fazer disto um ninho onde todos se sintam bem.

E as paredes lembram-me sempre que nunca vou ter tudo sob controlo, nem na casa nem na vida, e que é lá fora que está o mundo, e que grande é o mundo, o mundo que não me deixa ir embora para uma casa ampla e organizada de paredes controladas.

E piso este chão e olho este horizonte e a certeza de que tudo vai correr bem volta, sempre. 
Aqui, tenho o mundo à porta de casa.


2 comentários:

portugalnocoração disse...

as casas por onde andamos. dava para escrever um romance, com a nossa tentativa de as tornar "nossas" que reflictam quem la vive. uma tarefa nunca acabada! bom domingo

Virgínia disse...

uma tarefa infinita, tal como a de nos arrumarmos interiormente! :)um bom domingo :)