da Holanda




A vida é de facto engraçada, quando a olhamos na cara e lhe percebemos o olhar. Ao ver-me confrontada com um tipo de ensino que nem lembrava existir, começo a procurar alternativas sensatas e a tentar saber tudo sobre o assunto, no meu país e fora dele.


Por lá ter vivido vários anos e por me ser muito familiar, volto a olhar a Holanda com outros olhos, olhos de quem de lá já saiu e não precisa voltar, de quem com a experiência aprendeu muito, acima de tudo.


Lá há muitas escolas alternativas. Desde há muito tempo. Escolhi uma como local de estágio enquanto tirava o curso para professora de artes plásticas, pela faculdade de belas artes de Amesterdão. Impressionou-me a independência dos pequenos alunos, a sua autonomia, a imaginação e acima de tudo, o valor que se dava a tudo isso. As aulas que assisti eram de trabalhos manuais e deviam ser, por isso, das mais divertidas - mas no meio de toda aquela festa de liberdade da imaginação e técnica havia uma grande ordem, subtil, mas estava lá. O professor pertencia aos alunos, eram todos um. E as crianças, as mais independentes e satisfeitas que já vi.


Pouco tempo depois voltei para Portugal, não terminando o curso que tanto prazer me daria terminar e que tanta falta me faz hoje - nunca mais pensando no assunto, até agora.


Embora me pareça que foi tudo um sonho, não foi. Tenho andado à volta dos mesmos assuntos vezes sem conta sem me aperceber que a vida estava atenta, ao contrário de mim.


E se na vida não há caminhos divergentes, acho que tenho andado um pouco adormecida.

Talvez fosse preciso fazer as pazes primeiro.

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