Sintra

Que fim-de-semana este que não chega ao fim!... Na verdade estamos de mini-férias como muitos outros portugueses que aproveitam os feriados, pontes e tolerâncias de pontes (país de poetas!).


Há quem não passe sem a praia. Eu, cada vez mais, preciso da terra. O cheiro da terra, das flores, dos arbustos ao sol... Para mim Portugal tem um cheiro característico, quente, doce, verde escuro. Um cheiro cada vez mais raro, infelizmente. Mas é uma delícia quando o encontro!


Gostamos muito de comer ao ar livre. Não é em esplanadas, é ao ar livre. Ar livre é uma expressão bonita mas curiosa - não é todo o ar livre? Se calhar não. Antigamente (porque eu já posso dizer antigamente!) ía-mos para Sintra fazer piqueniques onde se ouvia o silêncio e as crianças jogavam à bola e os mais velhos descansavam numa manta no chão, à conversa. Tão bom, que saudades. Hoje, para meu espanto que já não o fazia há muito tempo, já não há o ar livre que procurava. Pessoas que não respeitam o espaço dos outros sempre houve. Bimbos que gostam de dar a conhecer os seus gostos musicais à força também sempre houve. Mas hoje são outros.


A serra de Sintra, minha bela Sintra, aqui tão perto e no entanto sempre misteriosa. Comemos perto da Peninha ("Mãe, quero ir para casa...") e fomos visitar o Convento dos Capuchos ("é giro, vais gostar!..."). Fiquei com boa impressão, até já tem parque de estacionamento. A última vez que lá fui tive que andar de lanterna na mão, nem um guarda por perto.


Agora passamos por caminhos limpos, temos bilheteira (preço família é 10 euros) e já se consegue visitar o convento sem ter (tanto) medo de encontrar um animal roedor à espreita. Todas as imagens pertencentes ao convento estão ainda retiradas (e voltarão?) e os recintos mais interessantes continuam fechados à chave mas vale a pena lá ir, procurar um lugar e uns poucos segundos sem ninguém, sentar e imaginar como seria viver tão isolado, com um silêncio tão profundo ("Mãe? Onde estás? Mãe!"). Tiveram a delicadeza de manter umas velas acesas, que alumia e faz bonito e a pouca delicadeza de acrescentar umas luzinhas que para mim são de Natal.


Foi um dia bem passado e o M. adorou. Principalmente porque até ele tinha que se baixar para entrar nas celas dos monges! E realmente, que crescido que está.


Já em casa, em resposta à minha insistência para sempre escutar o seu coração: - " Mãe, o meu coração diz-me que quer mesmo uma bolacha...! "- esperto. "E o meu cérebro também!" - fedelho.

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