Estamos de volta



Uma semana lenta, onde o tempo levou o seu tempo, ao sabor do calor, muito calor, seco, muito seco. Ali as moscas reinavam, indiferentes a quem lhes cruzasse o caminho. As cigarras calavam-se depois de terem a certeza que todos já dormiam, o silêncio absoluto era impensável. Acordava-mos com o nascer do sol nos gritos das araras, podia até jurar que estava no Amazonas, mas não. Estava a duas horas e meia da capital, em pleno Algarve rural.



O M. está contentíssimo por estar em casa: Não quero nunca mudar de casa! Nem mesmo quando for adulto! Quero ficar aqui para sempre!

Sim, esta é a nossa casa, o nosso cheiro, o nosso ar. Mas a terra ficou lá, a lua cheia lá é maior, as estrelas, o cheiro das alfarrobeiras e figueiras ao sol... Não sei se a minha casa é esta. Esta parece-me emprestada.



Aqui vou voltar ao Cuidado que te molhas!, ao Cuidado que te sujas!, Cuidado que partes isso! e não é isso que quero fazer da minha vida, muito menos à do meu filho.



Vou lutar por um pedaço de terra onde possa levar a vida natural que tanto me faz falta. Só de pensar que me vão olhar de cima abaixo quando sair de casa já me sinto doente. Quero sair daqui.


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