Raízes





Ainda sobre a Feira Medieval de Silves - o som e o ritmo podiam ser originários de várias partes do mundo. A mim, fazem-me sentir viva, desperta, levam-me para casa - o berço da humanidade. O ritmo é mais velho que as palavras.


( Era minha intenção colocar aqui um vídeo caseiro, mas parece que não é desta... )


O artista só "cria" na medida em que é o transmissor de um modelo pré-existente de natureza arquetípica. Neste sentido, o homem tradicional, porque imbuído de sacralidade, é um criador; ao passo que o homem profano "engendra" disformidades ao afastar-se da Natureza;



A imaginação procede da captação de um arquétipo, enquanto a fantasia é o reflexo do seu afastamento e, por esse motivo, é um acto estéril, inútil, que provém mais da vaidade como expressão da ignorância do que do apelo da necessidade;



O homem tradicional e, hoje, o que vive afastado do contágio urbano não fantasia porque vive de forma natural, quer dizer, de acordo com a Natureza. É, antes, um imaginativo sempre e quando obedece aos ritmos naturais;



O profano, como ente próprio não existe. Neste mundo de dualidade: bem-mal, vida-morte, dia-noite, masculino-feminino, branco-preto, etc., o profano é a ausência do sagrado na órbita espacio-temporal em que nos inserimos, e a sua manifestação obedece a uma euritmia cósmica a que está sujeita a própria ciclicidade histórica com os seus períodos alternantes de espiritualismo e de materialismo, que se traduzem na "cultura do sagrado" e na "cultura do profano";



A sociedade actual é profana porque está afastada da natureza interna das coisas. A sociedade tradicional é eminentemente sagrada porque nela toda a atitude, gesto, palavra reproduzem um modelo exemplar, arquetípico.



in Portugal Simbólico - Origens sagradas dos Lusitanos, Eduardo Amarante, Ed. Nova Acrópole






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