do brinquedo


Desde criança que para mim cada brinquedo é uma nova descoberta e uma opurtunidade para sonhar.
Na minha infância, a família e em particular o meu avô materno, ofereceram-me inúmeros sonhos: automóveis, bicicletas, soldadinhos de chumbo, jogos... brinquedos que povoavam a minha realidade e que eu nunca estraguei.
Guardava-os, arrumava-os, brincava com eles, e eles foram ganhando maior importância e espaço na minha vida.
Aos onze anos comecei a coleccioná-los.
O desejo de completar séries e de obter algumas peças mais raras levou-me a procurá-los assiduamente, e a sua aquisição tornou-se determinante e lúdica, um jogo.
Comparar colecções com as de outros rapazes da minha idade, fazer trocas e ter a grande sorte de poder comprar o que quisesse nas duas melhores lojas de brinquedos de Lisboa, tudo isto fez com que os brinquedos estruturassem a minha personalidade e se acumulassem numa determinada ordem que se foi impondo.
(...) Uma procura e aquisição de peças mais antigas e o interesse pela história da humanidade que os brinquedos tão bem documentam.
A colecção passou naturalmente de privada a pública, grupos de pessoas começaram a interessar-se e a visitá-la em minha casa.
Com muito prazer partilhei os meus brinquedos com o olhar de muitas outras pessoas. Tornou-se então essencial encontrar um espaço público para expor toda a colecção.
Assim, foi criada em 1987 a Fundação Arbués Moreira, à qual doei todo o meu espólio.

É com muito gosto que de vez em quando visitamos o Museu do Brinquedo, em Sintra. Por mim ficava por lá o dia todo, sinceramente. O brinquedo e tudo o que gira à sua volta está a tornar-se uma grande paixão.
E foi um enorme prazer conversar com o grande coleccionador sobre como tudo começou, sobre o estado da infância em Portugal, sobre feiras e lojas especiais por esse mundo fora. Um homem que traz em si a infância, um estado de espírito atento e observador, que tanto partilha como ouve, de alma aberta. Um homem (ou criança crescida) que, como todos aqueles que vivem através de grandes paixões, lhe pesa não poder fazer mais e mais.

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